Friday, July 17, 2009

MARK TWAIN....AGAIN


Dando continuidade ao projecto de edição de uma Biblioteca de leituras para os mais jovens, as Edições Nelson de Matos estão a apresentar ao mercado através da sua Distribuidora Sodilivros, uma nova edição de AS AVENTURAS DE TOM SAWYER, de Mark Twain, em nova tradução de Maria João Freire de Andrade e com texto integral.

Uma das obras mais conhecidas de Mark Twain, um escritor de quem William Faulkner não hesitava em se considerar herdeiro.

Textos já publicados nesta Colecção
1. As Aventuras de Robinson Crusoe, Daniel Defoe
2. As Viagens de Gulliver, Jonathan Swift
3. As Minas de Salomão, Rider Haggard
4. As Aventuras de Tom Sawyer, Mark Twain
5. As Aventuras de Huckleberry Finn, Mark Twain (em preparação)

Wednesday, July 01, 2009

A VAQUINHA VITÓRIA AINDA VAI VIVER MUITO TEMPO?

Da revista dos Jovens Agricultores, publico com prazer e vénia, o artigo da Drª. Isabel do Carmo. A foto é da médica veterinária Vera Marques.



Comer localmente, pensar globalmente

"Eu compro português. Refiro-me aos produtos de agricultura. Seja no mercado, na chamada praça, seja no supermercado, todos os produtos frescos de agricultura são obrigados a ter indicado no expositor o país de origem. E portanto, entre a Argentina e Portugal, escolho Portugal, entre a Espanha e Portugal, escolho Portugal, entre Israel e Portugal, escolho Portugal.
E defendo esta escolha. Não a faço por qualquer patriotismo mais ou menos lírico e bacoco, mas por razões práticas e concretas.
Penso que se deve consumir aquilo que é produzido junto de nós, à nossa volta, por pessoas que nos rodeiam, falam a nossa língua, que podiam ser da nossa família ou que já o foram mesmo em tempos remotos. Os produtos frescos, legumes e fruta, chegam deles até nós, com mais possibilidades de conservar essa frescura, sem que ela seja muito forçada por produtos de conservação.
Por outro lado o caminho que esses produtos fazem desde o campo em que são produzidos até à bancada do meu mercado é um pequeno caminho, comparado com a longa distância que nos separa da Argentina, de Israel, de França ou mesmo de Espanha. Desse modo a fruta que estou a comer, gastou pouco combustível para chegar até mim. Não concorro para o absurdo que é consumir combustível, que é um recurso limitado, libertar CO2, aquecer o planeta, para que me tragam uma maçã de Israel ou da Argentina, quando tenho uma igual ou melhor aqui ao lado. Isto faz parte da esquizofrenia (que outro nome é que há?) económica e é bom que toque o sinal de alarme dentro da nossa cabeça. Será que todos os nossos gestos terão que ser alienados e automáticos sem que possamos reflectir uns segundos sobre eles? Ou seja, estamos disponíveis para nos manifestarmos como declarados ecologistas de alma e coração, de papel e de boca, mas estamos indirectamente a poluir o planeta com as nossas escolhas absurdas?
Escolho os produtos portugueses também porque o futuro é imprevisível. Não sei se pode haver uma crise, uma epidemia, uma catástrofe. Sei que o meu país não é auto-suficiente em alimentos, mas quanto menos dependente for melhor... Por tudo isto penso que deveria haver a "excepção agrícola", com protecção dos produtos agrícolas (e do pescado) portugueses.
A globalização é muito bonita para os globalizadores.
Mas esses, os que ganham com a abertura do comércio mundial, os EUA, a França, a Alemanha, estão sempre dispostos a proteger os seus produtos quando isso lhes dá jeito. Ou seja globalizam para fora e protegem para dentro. Claro que o confronto com produtos de outros países tem a sua vantagem, que é a competição na qualidade. Passámos pelo período de protecção absoluta no Estado Novo em que se produzia toda a espécie de porcarias, as quais tinham o mercado exclusivo e garantido das colónias. Isso levou à estagnação de alguns sectores, a um atraso e a uma falta de qualidade, da qual ainda estamos a pagar a factura.
No entanto, hoje temos muito bons produtos, nos legumes, na fruta, nos lacticínios, na agro-pecuária, nos produtos conservados. É sabido e está provado que os legumes frescos e a fruta são bons para a saúde. São bons na prevenção das doenças cardiovasculares (coração e cérebro) e na prevenção de alguns cancros. Têm vitaminas, sais minerais e fibras insubstituíveis. A sopa é um alimento excelente - cheia de vegetais, com a água de coser os mesmos conservando nutrientes, desinfectada porque levanta fervura e saciante. No prato princípal devemos ocupar metade com vegetais, mas lá estarão também os "farináceos" - batatas, arroz, massa- e um pouco de carne, peixe e ovos. A fruta pode ser distribuída pelas refeições do dia. E o leite e derivados são indispensáveis. Claro que prefiro os vegetais e a fruta sem fertilizantes e pesticidas químicos. Que bom que é podermos dar uma dentada numa maça com a certeza de que não estão ali insecticidas! Mas também nessa área pode ser feito um esforço de qualidade e essa qualidade é uma distinção no mercado.
Pergunto-me porque é que há tão poucas campanhas para se comerem produtos portugueses.
Porque não há mais publicidade a boas novidades na área agrícola, porque as há, que vêm ao encontro das preocupações em saúde.
Calculo que não há porque as campanhas...custam dinheiro. E entretanto são os produtos estrangeiros e prejudiciais para a saúde que nos entram pelos olhos dentro. E sobretudo que entram pelos olhos dentro das nossas crianças."
Isabel do Carmo, médica, in Revista "Jovens Agricultores" nº 72