Thursday, August 30, 2007

A ERA DO DESPERDÍCIO

Há um medicamento dos laboratórios Boehringer Ingelheim chamado Spiriva, que tem o preço de venda ao público de 46,66 Euros, participando o Estado em 32,20 Euros.

O medicamento apresenta-se em cápsulas que, para serem utilizadas, se necesita de um dispositivo de inalação verdadeiramente bem concebido e fabricado, em plástico colorido e óptima apresentação. Este dispositivo, nada frágil, dura mais que as 30 cápsulas que vêm na embalagem. Quer dizer, quando o doente termina a caixa, ainda o dispositivo se encontra em perfeito estado operacional.

Calculo ou imagino que este dispositivo deva custar, pelo menos, 50% do preço total do medicamento. Com duas embalagens tipo A e B, uma com o dispositivo e outra sem, deixava-se ao doente a possibilidade de solicitar do seu médico a receita com a opção correcta. Ganhava o Estado e o doente. Ganhava menos o laboratório fabricante. Mas como esta nossa sociedade é do desperdício, de cada vez (todos os meses) que se compra o Spiriva, lá vem o dispositivo a maior parte das vezes desnecessário.

Podia também ser o dispositivo vendido à parte, sem receita médica. assim o laboratório fabricava uma embalagem só com as cápsulas e o utente decidia no momento da sua compra, com a colaboração do farmacêutico, a aquisição, ou não, do dispositivo.

Mas não, não pode ser. Esta nossa sociedade não o permite. Há que produzir objectos, muitos, e deitá-los fora. Mesmo na Saúde há desperdício.

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